sexta-feira, 18 de abril de 2025
quarta-feira, 16 de abril de 2025
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Foto: Tiago Miranda (Expresso) |
Parece confuso, mas é mesmo assim. Apesar de ter mandatado a IP a estudar a mudança da bitola da Linha do Vouga, o atual Governo da AD aprovou o Plano Ferroviário Nacional em conselho de ministros, em março, e conforme foi hoje divulgado e publicado em Diário da República, a versão final do documento prevê mesmo a modernização desta via férrea tal como este movimento defende, ou seja, na bitola atual (métrica).
Em abono da verdade, no que à Linha do Vouga diz respeito, o Governo limitou-se a "copiar", e bem, os pressupostos definidos no PFN pelo anterior Governo do PS. No entanto, a confusão pode ser gerada por uma incongruência que detetamos logo no início do documento, mais concretamente, no ponto 3, alínea a), e que passamos a citar, "nos termos das alíneas d) e g) do artigo 199.º da Constituição, o Conselho de Ministros resolve (ponto 3) determinar que a Infraestruturas de Portugal, S. A., promova a realização dos estudos necessários à tomada de decisão, relativamente aos seguintes investimentos ferroviários: a) Ligação das Terras de Santa Maria à Área Metropolitana do Porto".
Ora, como tão bem sabemos, e entretanto a IP já nos confirmou, o Governo pretende estudar a mudança de bitola do troço norte da Linha do Vouga, que atravessa as Terras de Santa Maria, para o ligar diretamente à Linha do Norte, aliás, conforme o próprio secretário de Estado das Infra-Estruturas, Hugo Espírito Santo, confirmara no Parlamento. A incongruência surge, portanto, no facto deste Governo ter aprovado uma coisa e o seu contrário, já que mais à frente, conforme se lê no documento, "no PFN, assume-se a manutenção da Linha do Vouga como linha de bitola métrica, mas que deve ser integrada na rede de serviços suburbanos do Sistema Metropolitano que inclui Aveiro e o Porto".
No que concerne à modernização propriamente dita, o documento acaba por seguir vários pressupostos defendidos por este movimento, já que perspetiva "no médio prazo (...) a eletrificação da Linha do Vouga que, a par com a introdução de novo material circulante, será a forma de dar o salto qualitativo em termos de serviço", pelo que "deve também ser considerada a relocalização de algumas estações para locais que respondam melhor à procura existente". O documento refere ainda que "as características técnicas desta linha e do material circulante moderno aproximam a Linha do Vouga de um sistema de ferrovia ligeira", o que "levanta a oportunidade de, nas extremidades, nomeadamente em Aveiro, a Linha do Vouga servir como o embrião de um sistema de mobilidade urbana que possa penetrar na cidade e ligar diretamente vários destinos no centro da mesma".
Quanto à exploração turística, o documento assume que a "Linha do Vouga, enquanto única linha de via estreita que resta, permite potenciar viagens de material circulante histórico e fazer pedagogia e promoção da cultura ferroviária". Aquilo que é desejo deste movimento cívico é que os resultados do estudo que está a ser levado a cabo pela IP demonstrem sensatez e que possam acabar por comprovar que o que está inscrito e aprovado neste PFN é mesmo a melhor solução para o futuro desta linha. Ao futuro Governo só pedimos menos secretismos, menos ilusões e menos incongruências, para que o PFN possa avançar com realismo e celeridade.
Resolução do Conselho de Ministros n.º 77/2025, de 16 de abril «« (clique para abrir)
MCLV, 16 de abril de 2025
quarta-feira, 9 de abril de 2025
Durante o último mês, os trabalhos de renovação do troço central incidiram na "rampa de Albergaria" e voltaram a efetuar-se no sentido norte-sul. O ataque mecânico pesado também tem prosseguido a bom ritmo.
Galeria de imagens
sexta-feira, 4 de abril de 2025
Nas últimas semanas, a supressão de comboios no troço norte da Linha do Vouga tem sido uma constante, o que está a deixar-nos extremamente preocupados.
Em fevereiro, já tinhamos alertado para esta problemática no nosso podcast "Vouga em Movimento", mas é com enorme desagrado e preocupação que constatamos que a situação tem vindo a agravar-se, sobretudo no troço que liga Oliveira de Azeméis a Espinho. Nesse sentido, procuramos explicações junto de fontes ligadas à CP, as quais nos confirmaram que as supressões se devem a avarias do material circulante. Além disso, também ficamos a saber que não foi feita a devida rotação do material devido a problemas decorrentes das obras do troço central, que liga Oliveira de Azeméis a Sernada do Vouga, local onde se situam as oficinas. Alegadamente, problemas na sinalização da linha e na maquinaria do empreiteiro não terão permitido a circulação de comboios naquele troço.
Embora, nos últimos dias, a CP tenha acautelado o devido serviço rodoviário de substituição, a verdade é que somos um movimento que representa os utentes desta via férrea e por esse mesmo motivo não podíamos deixar de denunciar esta situação. Há anos que alertamos que ter apenas sete automotoras disponíveis para o serviço comercial é insuficiente. É urgente a aquisição de mais composições, e chegados a este ponto, não podemos tolerar mais desculpas, até porque sabemos que há material de bitola estreita disponível para aquisição em vários países. A própria CP já disse que havia material identificado na Espanha e na Grécia, mas lamentávelmente até ao momento nada se fez. Que este material venha e venha rápido, pois os utentes precisam que o comboio chegue, chegue a horas e chegue limpo.
Num país em que a procura pelo comboio tem vindo a aumentar graças ao Passe Verde ferroviário, a verdade é que com a constante inação por parte da tutela na resolução destes problemas, não será de admirar que a Linha do Vouga esteja em contraciclo com a realidade nacional. Infelizmente, o atual governo não pode ficar isento de responsabilidades, já que preferiu "brincar" aos estudos para mudança de bitola, sem primeiro ter criado as condições que garantissem o bom funcionamento do serviço atual. A juntar a isto, convém salientar que já deveriam estar a decorrer os trabalhos de renovação integral de via do troço Feira-Espinho. Segundo conseguimos apurar junto da IP, o início da empreitada estará dependente de "formalidades que ainda estão em curso" e por esse motivo "ainda não é possível indicar uma data para o seu começo".
MCLV, 4 de abril de 2025
terça-feira, 1 de abril de 2025
Assim que soubemos que a Renfe tinha colocado à venda sete locomotivas diesel Alshtom da série 1600 (ex-Feve), informamos de imediato a CP, alertanto uma vez mais para a urgência na aquisição de material circulante de bitola métrica.
Para nosso espanto, a operadora ferroviária nacional informou-nos hoje que já se encontra a negociar com a sua congénere espanhola a aquisição de duas destas locomotivas, sendo que, para já, o entrave é o elevado preço unitário que ronda os 300 mil euros.
Caso se confirme a compra e a tão aguardada vinda para a Linha do Vouga, esta não será uma estreia, mas sim o regresso deste modelo ao território nacional, visto que, no passado, irmãs destas locomotivas da ex-série CP 9020 serviram durante vários anos nas vias estreitas do norte.
Ficha técnica das locomotivas Alsthom s1600: https://www.renfe.com/es/es/grupo-renfe/sociedades/renfe-alquiler/servicios/tipos-de-servicios/venta-permanente/locomotora-diesel-electrica-s1600
** ATUALIZAÇÃO **
Mentira de 1 de abril
Esta publicação, como muitos já calculavam, tratou-se na nossa mentira de 1 de abril. No entanto, não é nenhuma mentira que a Linha do Vouga precisa URGENTEMENTE de mais material circulante, dadas as constantes supressões que se têm verificado nos últimos tempos.
Foto: MACD 3 (Flickr)
MCLV, 1 de abril de 2025
segunda-feira, 17 de março de 2025
O Movimento Cívico pela Linha do Vouga juntou-se às dezenas de movimentos de utentes que manifestaram-se, no último sábado, em Coimbra.
Além da reunião para a eleição dos novos dirigentes do MUSP - Movimento de Utentes do Serviço Público, foi realizada uma marcha de protesto, onde foi exigido aos responsáveis políticos melhorias em várias áreas, desde os transportes públicos à educação e saúde.
Partilhamos aqui, na íntegra, a nossa intervenção:
"O MCLV esteve presente no 15° Encontro Nacional do MUSP, a quem agradecemos publicamente o convite à nossa participação. Para quem não nos conhece, a nossa luta começou em outubro de 2011, quando o governo de Passos Coelho tentou fechar a Linha do Vouga. A linha não encerrou devido à luta das populações, dos autarcas e por uma petição pública que foi dinamizada por um dos mais antigos partidos políticos do nosso país. No entanto, em 2013, acabou mesmo por encerrar o serviço ferroviário no seu troço central, entre Oliveira de Azeméis e Sernada do Vouga. Desde o início que fizemos pressão para a sua reabertura, através da imprensa regional e por reuniões com autarcas e partidos. Tivemos a nossa primeira vitória com a renovação integral de via que está em curso e a reabertura desse troço poderá acontecer já este ano. No entanto, ainda temos muitos problemas na linha. Temos constantes supressões devido a avarias de material circulante. Continuamos a ter apenas sete automotoras disponíveis para o serviço regular de passageiros, quando é mais fácil adquirir automotoras de bitola métrica do que de bitola ibérica... Defendemos a última via estreita do país. Todas as outras fecharam. Este governo, sobretudo na pessoa do Ministro Castro Almeida, defende a mudança de bitola na Linha do Vouga. Somos contra, pois não é necessário, além de considerarmos tecnicamente impossível e mais caro. Em vez de 120 milhões de euros para requalificar a totalidade da linha, de Aveiro a Espinho, a mudança de bitola significará a construção de uma linha nova, que poderá custar mais de 300 milhões, para apenas um terço da sua extensão, entre Espinho e Oliveira de Azeméis. Defendemos, portanto, a modernização da totalidade da Linha do Vouga mantendo a bitola estreita, com a reposição da interface com a Linha do Norte e a construção de uma outra com a futura Linha de Alta Velocidade. Além disso, outras das nossas reivindicações passam pela construção e relocalização de novos apeadeiros, horários que sirvam os trabalhadores por turnos e a integração do seu troço norte nos comboios urbanos do Porto, com a aplicação do sistema Andante.
Aos que nos seguem e apoiam a nossa luta, apenas podemos garantir que não vamos desistir. A luta continua. Viva o Vouguinha e viva a Linha do Vouga!"
Notícia "Sic Notícias": https://sicnoticias.pt/pais/2025-03-16-video-movimentos-de-utentes-de-todo-o-pais-sairam-a-rua-e-manifestaram-se-em-coimbra-4e5bd696
Fotos: FB da União dos Sindicatos de Coimbra
MCLV, 17 de março de 2025