Na sua argumentação, o antigo secretário de estado recorreu a um estudo que técnicos da IP apresentaram ao governo em 2022, segundo o qual "a Linha do Vouga tem 303 curvas, das quais 222 (mais de dois terços) têm um raio inferior a 200 metros, o que significa que não se pode circular a mais de 50 km/h". Isto para mostrar que mudar a bitola desta via férrea, na prática, é construir uma linha inteiramente nova, e por isso Frederico Francisco considera "virtualmente impossível" que os novos estudos que o governo de Pinto Luz mandara executar venham a demonstrar o contrário.
Relembrou, ainda, que "os governos do PS incluíram a modernização e eletrificação desta linha no PNI2030" e que "as obras começaram, inclusive no troço central", cuja renovação (de via) já se encontra concluída, e por isso não consegue entender o porquê do serviço de passageiros ainda não ter sido ali reposto.
A resposta da parte do governo coube ao atual secretário de estado das Infraestruturas, Hugo Espírito Santo, que afirmou, com alguma insolência, que "o troço central não foi renovado" e que a intervenção ali feita serviu apenas para dotá-lo de "condições mínimas para nenhum comboio cair" e não para "servir para uma atividade da CP". Ora, na verdade, e aproveitando para esclarecer o senhor secretário de estado, a CP nunca deixou de ter atividade neste troço, uma vez que sempre recorreu a ele para fazer a rotação do material circulante e para levá-lo às suas oficinas, em Sernada do Vouga.
Além disso, quando diz que o troço central não fora renovado, Hugo Espírito Santo profere uma afirmação manifestamente falsa, e no nosso entender, desrespeitosa por quem ali executou a obra, pelo dinheiro ali investido (6,2 milhões de euros) e até mesmo por quem utiliza ou aspira a utilizar este meio de transporte. Mais grave ainda, o senhor secretário de estado faz estas afirmações depois da Infraestruturas de Portugal (IP), a empresa pública sob tutela do Ministério das Infraestruturas e Habitação, e do próprio ministro Miguel Pinto Luz, terem feito propaganda à conclusão desta obra, que segundo os quais, "reforça os níveis de fiabilidade, segurança, conforto e qualidade de serviço da infraestrutura ferroviária, beneficiando os milhares de passageiros que utilizam diariamente esta ligação".
Desta forma, acompanhamos integralmente as preocupações de Frederico Francisco nas diversas questões, assim como manifestamos a nossa profunda revolta e incompreensão pela inoperância da tutela em criar os (poucos) meios necessários que permitam a imediata reposição do serviço comercial de passageiros por via ferroviária, nem que seja pelo menos o que era efetuado antes da sua suspensão, em 2013, e que continua a ser realizado por via do táxi. Parafraseando o próprio Frederico Francisco, é preferível ter um serviço ferroviário não ideal a nenhum serviço e é por isso que apelamos e exigimos a sua imediata reposição, pois como já aqui fora referido, "não há nenhuma boa razão para que o serviço ferroviário entre Oliveira de Azeméis e Sernada do Vouga não seja retomado de imediato, após a conclusão das obras de renovação da linha".
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