O que dizem as empresas sobre a requalificação da Linha do Vouga?

Estação de Oliveira de Azeméis. Foto: IP

Inspirado pelo debate em torno da reabertura da Linha de Leixões, o qual envolveu diversas empresas interessadas nessa discussão, no final do passado mês de setembro o Movimento Cívico pela Linha do Vouga contactou via email cerca de 175 empresas cujas instalações são próximas à Linha do Vouga, estando estas distribuídas ao longo dos 60 quilómetros, entre Espinho e Sernada do Vouga. Com o intuito de as chamar  à discussão sobre a requalificação da Linha do Vouga, questionamos as mais diversas empresas e estabelecimentos de ensino sobre o que pensam da importância de uma Linha do Vouga modernizada e qual a sua utilidade para estas e respectivos colaboradores/formandos. Como muito bem sabemos, infelizmente a maioria destes emails terão ido parar diretamente ao "spam" das suas caixas de correio electrónico e estamos convictos que, por essa razão, apenas obtivemos resposta de cinco entidades até à data desta publicação.

Contactamos cerca de 175 empresas distribuidas ao longo dos 60 quilómetros que ligam Espinho a Sernada do Vouga. Imagem: CMOA

A primeira resposta chegou-nos da empresa Peraltafil, cujas instalações ficam situadas em Silvalde, Espinho, a qual nos deixou algumas reivindicações que gostariam de ver implementadas e que transcrevemos aqui na íntegra:

• "Modernização da Linha do Vouga em toda a sua extensão (de Espinho a Aveiro);

• Aquisição de novos comboios para o serviço comercial;

• Melhoria e reajuste de horários, com a implementação de um sistema de horários cadenciados;

• Relocalização de apeadeiros para zonas mais próximas a habitações e indústrias;

• Criação de um passe para trabalhadores".

O Cenfim, um centro de formação localizado na zona industrial de Oliveira de Azeméis, também não quis ficar de parte desta discussão e deixou-nos a seguinte mensagem:

“Temos todo o interesse em que a Linha do Vouga seja modernizada e que, sobretudo haja melhoria e reajuste de horários, com a implementação de um sistema de horários cadenciados. Temos todo o interesse em receber muitos mais formandos dos concelhos limítrofes, o que não acontece, por falta de um sistema de transporte ferroviário que permita a ligação com o nosso Centro de Formação.”

Também da zona industrial oliveirense chegou-nos a resposta da Simoldes, que sem se alongar muito, diz ver "como interessante e necessário tudo o que contribua para a melhoria dos meios de transporte público para acesso ao trabalho e escolas."

Por fim, recebemos ainda resposta por parte da Recor e da Lusotendas, sendo que a primeira alegou não ter colaboradores que utilizem a linha e nem prevê que possa vir a ter; já a segunda preferiu não associar-se a esta iniciativa, considerando não ser algo prioritário.

Início do troço central, em Oliveira de Azeméis. Foto: TSF

De salientar que cerca de metade das empresas contactadas estão localizadas ao longo do troço central, o qual abrange a zona industrial de Travanca, em Oliveira de Azeméis, e toda a zona industrial de Albergaria-a-Velha. Tinhamos uma grande expectativa para perceber o que eventualmente poderiam sugerir para a recuperação de um troço que se encontra há uma década sem serviço de passageiros, no entanto, lamentamos não ter obtido qualquer resposta, o que nos deixou extremamente preocupados, sobretudo porque nos encontramos numa altura em que a procura pela neutralidade carbónica deveria ser uma prioridade. A boa notícia é que no início desta semana, o Governo já deu autorização à Infraestruturas de Portugal para avançar com as obras de renovação, que terão um custo de quase 5 milhões de euros, e como já aqui referimos, ficarão a cargo da empresa Mota-Engil. Entretanto, a Infraestruturas de Portugal já nos informou que prevê que os trabalhos iniciem no primeiro trimestre do próximo ano.

Apesar disso, esta discussão não se encerra aqui, pelo que continuamos receptivos a todas as respostas e sugestões, e aproveitamos para agradecer a todas as entidades que tiveram a amabilidade de nos dar o seu ponto de vista.