quarta-feira, 6 de março de 2024

Enquanto Pedro Nuno Santos quer prolongar a Linha do Vouga, Emídio Sousa não sabe o que quer

O candidato a primeiro ministro, Pedro Nuno Santos, é o cabeça de lista do Partido Socialista (PS) por Aveiro às Legislativas do próximo dia 10 de março. O seu principal oponente ao nível distrital é Emídio Sousa, que suspendeu o seu mandato como presidente de autarquia de Santa Maria da Feira para ser cabeça de lista pela Aliança Democrática (AD).


José Carlos Barbosa, Nuno Freitas e Pedro Nuno Santos orquestraram uma verdadeira revolução na ferrovia entre 2019 e 2022. Foto: FB de José Carlos Barbosa


A poucos dias de novas eleições, a Rádio Terranova divulgou no início desta semana que Pedro Nuno Santos terá feito "publicar um texto dirigido aos eleitores do concelho de Ílhavo" (ver notícia), numa carta onde "diz que deseja lutar pela ligação da linha do Vouga a Ílhavo", numa clara alusão há aqui já falada possibilidade de prolongamento desta via férrea à praia da Barra. 


Como bem sabemos, este prolongamento da linha permite também levar o comboio até à Universidade de Aveiro, sendo um dos objetivos dos socialistas ligar o campus universitário aos restantes polos, nomeadamente ao de Águeda e ao de Oliveira de Azeméis. Outro dos seus grandes objetivos para a Linha do Vouga passa pela reposição da sua interface com a Linha do Norte, em Espinho (ver notícia).


Excerto da entrevista de Emídio Sousa ao jornal 'Correio da Feira", edição de 1 de março de 2024

Em contraciclo, Emídio Sousa acabou por surpreender-nos com mais um das suas "cambalhotas", já que se até aqui há uns meses defendia a interface da Linha do Vouga com a futura Linha de Alta Velocidade (ver notícia) no ponto em que estas se cruzam, ou seja, em São Paio de Oleiros (freguesia na parte norte do concelho de Santa Maria da Feira), mais concretamente na zona da Lapa, viemos agora a saber através de uma entrevista que dera ao Correio da Feira de que Emídio passara a reivindicar "uma estação algures na zona de Travanca", já que é nessa freguesia situada na zona sul do concelho feirense e próximo do Europarque, que está previsto um "PUEC - Ponte de Ultrapassagem e Estacionamento de Comboios, que tem de ter dois quilómetros de extensão". 


No ano passado, Emídio Sousa defendeu a criação de uma interface entre a LAV e a Linha do Vouga. Foto: JN

Ora, quanto à requalificação da linha, se há praticamente um ano a posição de Emídio Sousa não era clara em relação à bitola, embora  admitisse ter dúvidas em relação à manutenção da atual (bitola métrica), recentes afirmações do próprio vieram comprovar que o ex-autarca voltou a abraçar a ideia do seu partido (PSD), cuja visão (do nosso ponto de vista pouco realista) para esta via férrea, passa pela sua modernização com alteração para bitola ibérica e apenas no troço (norte) que serve os concelhos inseridos na Área Metropolitana do Porto (ver notícia).  


Em campanha para as legislativas, as trocas de acusações entre os dois partidos foram evidentes. De um lado, Pedro Nuno Santos, em entrevista a um meio de imprensa regional de Oliveira de Azeméis (ver notícia), afirmou que foi "importante para nós (PS) acabar definitivamente com qualquer pretensão de encerramento da linha do Vouga", e continua dizendo que "devemos recordar que o último governo PSD/CDS decretou, em Diário da República, o encerramento da linha". O candidato a primeiro ministro prosseguiu com as críticas dizendo que "foi aliás a única decisão que tomaram sobre a linha do Vouga". Enaltece ainda os seus feitos, constatando que "nos últimos anos já fizemos requalificação a norte de Oliveira de Azeméis e está em curso a obra para sul, recuperando o serviço de passageiros há anos interrompido".  


Por seu turno, Emídio Sousa atacou diretamente Pedro Nuno Santos (ver notícia) afirmando que "o cabeça de lista do PS e candidato a primeiro ministro foi ministro das infraestruturas e não realizou qualquer obra no nosso distrito", acrescentado que, tendo tido a tutela, "tem na Linha do Vouga outro dos seus grandes fracassos". 


Por fim e parafraseando Rui Moreira, presidente da câmara municipal do Porto, somos independentes, já que não temos qualquer tipo de ligação político-partidária, mas não podemos, de todo, ser neutros a toda esta situação! O MCLV não esquece os avanços que Pedro Nuno Santos trouxe à ferrovia nacional e, sobretudo, à linha do Vouga. A verdade é que, enquanto ministro das infraestruturas, o agora candidato a primeiro ministro colocou em marcha os trabalhos para a requalificação da totalidade desta linha, com a renovação de via entre Oliveira de Azeméis e Santa Maria da Feira, e com a atualização do PNI2030, prevendo a modernização de toda a extensão da linha, mantendo a bitola métrica. De salientar, ainda, que recuperou material circulante histórico que já serviu com sucesso o Comboio Histórico do Vouga. 


Por outro lado, Emídio Sousa tem vindo a demonstrar incoerência naquilo que defende para a Linha do Vouga, visto que parece tomar decisões conforme lhe é mais conveniente perante cada situação. Contrariando os conselhos da maioria dos especialistas ferroviários (ver notícia), optou por seguir a ideologia do seu partido. Ideologia essa que, como é sabido, consideramos errada e pouco realista. Até a interface com a LAV já nem sabemos bem se a defende ou não… Por isso, consideramos injustas as críticas que o cabeça de lista pela AD faz a uma personalidade que realmente fez algo para devolver alguma dignidade a uma linha para a qual somente deveríamos estar concentrados na apresentação de propostas concretas para a sua modernização, de uma forma realista, e não em utilizá-la como arma de arremesso no ataque político. No próximo dia 10, sabemos bem a quem devemos dar o nosso voto de confiança pela ferrovia. Basta olhar para os programas eleitorais de cada um.


MCLV, 6 de março de 2024

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